Alenquer
O topónimo «Judiaria» resistiu, em Alenquer, ao passar dos séculos e continua a identificar um bairro da zona histórica da vila e a assinalar o local de fixação da comunidade judaica, que teve alguma importância na Idade Média.
O historiador Guilherme Henriques refere-se-lhe, nestes termos:
«No fim da rua dos Muros, próximo à Porta de N. S.ª da Conceição, existem uns quintais e casas arruinadas denominados 'Judiaria'. Era aqui o bairro particular dessa raça laboriosa e proscrita [...] e o facto dele ficar reduzido a quintais foi, provavelmente, pela repugnância que os cristãos sentiam de habitar as casas que tinham servido a este povo perseguido e desprezado.»
Para o ano de 1442 apontam-se 18 judeus na vila, número que corresponde apenas aos chefes de família. João P. Ferro, autor de Alenquer Medieval, afirma que o número de judeus poderia então oscilar entre os 63/90, sendo a grande maioria mesteirais. «Comunidade bastante rica» chegou a pagar mais impostos do que as comunas de Santarém, Leiria, Lamego, Porto, Tomar, Setúbal ou Coimbra, sendo apenas superada pelas de Lisboa, Beja, Guarda e Moncorvo.
Considerados culpados de incendiarem a Igreja da Várzea, os judeus terão sido expulsos da vila no final do séc. XV, não sem antes terem sido condenados a reedificar o templo.
Um documento do séc. XV, citado por João P. Ferro em Alenquer Medieval, refere-se ao «Adro dos Judeus», o cemitério, que se situava no local onde, no princípio do séc. XIX, se construiu a Real Fábrica do Papel.
Fonte: Rede Judiarias de Portugal.
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