A capital portuguesa é desde há 900 anos, cidade sefardita peninsular que maior história judaica provavelmente concentrou ao longo dos séculos, Cidade criativa e dinâmica, Lisboa identifica-se como berço de muitas das mais influentes e emblemáticas famílias que perduram hoje na simbologia hebraica internacional; Guedaliah Yahya; Gracia Nassi (Benveniste); Isaac e Judah Abravanel (Abarbanel); Jacob Lumbrozo (1º. médico Judeu dos Estados Unidos); Samuel Usque, entre muitos outros. Tanto no tempo dos judeus como no dos cristãos-novos, Lisboa esteve sempre presente na história judaica. Durante a II Guerra Mundial foi refúgio e ponto de partida para dezenas de milhares de refugiados.
O característico bairro de Alfama que incorporava uma das 3 judiarias existentes mantém ainda o mesmo traçado das antigas ruas tortuosas. No largo da igreja de S. Domingos existe um memorial que regista o ataque que em 1506 muitos fanáticos promoveram contra cristãos-novos lisboetas vitimando alguns milhares.
A Sinagoga actual, Shaaré Tikvá, foi inaugurada em 1904 e pode ser visitada na Rua Alexandre Herculano, embora sem fachada directa para a rua já que essa visibilidade estava ainda reservada aos templos católicos. È gerida pela Comunidade Israelita de Lisboa.
Um passeio pela capital portuguesa pode permitir começar pela Idade Média, observar os locais dos descobrimentos onde muitos astrónomos e empresários judeus participaram, atravessar o tempo da inquisição e visitar as zonas da baixa onde os refugiados da II Guerra conviviam na segurança que faltava á Europa.
A história de Lisboa judaica representa muita da mítica civilização judaica.
A herança judaica é parte da identidade de Lisboa. Na Idade Média, os judeus desempenharam papel destacado na administração do reino, na evolução urbana e na vocação comercial da cidade. Lisboa teve quatro judiarias e muitas famílias viviam fora das áreas atribuídas aos judeus, sinal da dimensão populacional que a comunidade atingiu no século XV.
A mais antiga judiaria situava-se na Pedreira (imediações dos atuais Armazéns do Chiado), onde se construiu uma sinagoga em 1260. A judiaria das Taracenas ficava na zona ocidental portuária. A Judiaria Velha (ou Grande) estava no centro, na Rua Nova dos Mercadores, e tinha 7 portas. Constituía um corpo à parte da administração da cidade, com oficiais próprios, duas sinagogas, escola, biblioteca, talho casher, hospitais, banhos públicos, tribunal e prisão. Conserva-se a lápide de construção da sinagoga, datada de 1307 (fig.1). Da Judiaria de Alfama, autorizada por D. Pedro I, resta o topónimo na Rua da Judiaria (fig.2).
São muitos os vestígios de uma história que não cessou com a expulsão/conversão de 1496 e o estabelecimento da Inquisição. No Largo de S. Domingos, onde em 1506 morreram milhares de cristãos-novos, existe um memorial alusivo a esse episódio (fig.3). O Marquês de Pombal criou condições para o regresso do Judaísmo. O primeiro túmulo do Cemitério Histórico Judaico da Estrela, de José Amzalaga, data de 1804. A legalização da Comunidade Israelita de Lisboa ocorreu em 1912 e a sinagoga Shaaré-Tikvá, projetada por Ventura Terra, foi inaugurada em 1904 (fig.4).
Fonte: Rede Judiarias de Portugal.
Voltar - As Localidades