Penamacor
A lista de judeus naturais ou residentes em Penamacor retirados dos processos inquisitoriais já inventariados, ultrapassa largamente a centena. Que ninguém duvide, pois, que o sangue judeu continua a correr, e muito, nas nossas veias: é só olhar aos apelidos que ainda hoje carregamos.
Pese embora a controvérsia gerada em torno dos cruciformes, enquanto sinais de afirmação pública de aceitação da fé cristã por parte de indivíduos que se sentiam ameaçados devido à sua condição de judeus, tivessem ou não renegado a fé mosaica, o exercício de inventariação desses sinais e a sua inscrição na malha urbana de Penamacor leva à identificação clara de três núcleos, onde a sua concentração sugere as áreas residenciais dos judeus em diferentes épocas e estádios da evolução urbanística da vila.
Aos que recusaram a intolerância e a arbitrariedade da Inquisição, restou o exílio. Estes autoexpatriados revelaram amiúde um forte sentimento de arraigamento à pátria e orgulho de serem portugueses, como sugere bem o facto de no sul da França dos séculos XVII e XVIII os judeus aí radicados serem conhecidos por messieurs les portugais, enquanto a importante comunidade exilada em Amesterdão se auto designava Nação Portuguesa. Exemplo clamoroso do apego à pátria encontramo-lo em Ribeiro Sanches, nascido em Penamacor, figura de estatura universal e um dos mais eminentes médicos do seu tempo: autoexilado a contragosto, nunca a esqueceu nem desistiu de contribuir para o seu progresso.
Fonte: Rede Judiarias de Portugal.
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